AVALIANDO MINHAS ATUAÇÕES PARA APRENDER E ENSINAR A SER MELHOR

Autora: Alice Ornelas

Vejo o meu trabalho no Colégio Logosófico como uma grande oportunidade. Oportunidade de adquirir, além dos comuns, conhecimentos superiores, transcendentes; oportunidade de trabalhar comigo mesma e, assim, conquistar e cultivar valores que se estendem além do conteúdo que possuo para ensinar as crianças que me cercam. Trabalho que me possibilita sempre um observar mais consciente de minha conduta, de minhas atuações, da minha fala, do meu olhar e que me faz querer buscar novos conhecimentos e conceitos, que vão se consolidando dentro de mim.

À medida que vou incorporando à vida esses novos conhecimentos e conceitos, sinto que mais consigo estudar cada situação e avaliar minha atuação frente a elas. Às vezes, vejo um defeito atuando mais fortemente, mas, analisando a situação, tomo consciência dos movimentos que ocorrem em meu interno, o que me permite realizar, a cada dia, um novo trabalho de superação de mim mesma.

Ser professora de crianças é viver situações diversas e, às vezes, a falta daquele estado consciente faz com que minha atuação não seja tão acertada. Mas tenho procurado ficar mais atenta às minhas atuações, para corrigir-me. A correção consiste em diariamente conquistar novos valores, mesmo que os resultados não se façam tão prontamente.

Tenho vivido algo com uma de minhas turmas, em relação à pontualidade e ao respeito.

No início do ano, quando recebi o horário escolar, observei que deveria dar uma aula no último horário, logo após a de educação física. Eis o primeiro pensamento que me surgiu: “Vai ser difícil”. Mas tratei logo de trabalhar esse pensamento e preparei-me intensamente para fazer o melhor; principalmente para ajudar meus alunos, para que pudessem perceber a importância de sua colaboração também no que dizia respeito à pontualidade. Nas primeiras aulas, tivemos momentos de conversação sobre o assunto e criamos algumas regras que, depois do primeiro mês, já estavam sendo respeitadas por todos.

Por um bom tempo não tivemos problemas com a pontualidade e respeito ao que havíamos combinado. Em dado momento, porém, alguns alunos começaram a chegar atrasados para a aula, buscando sempre justificar o porquê do atraso. Pensei em atuar com mais firmeza, mas recordei-me de minhas deficiências e avaliei que elas poderiam malograr o trabalho que queria realizar. Nessa busca de ser melhor e contribuir para educar construindo o bem, percebi que minha postura teria que ser firme, porém, recheada de respeito. Lembrei-me que se tratava de crianças e de que cada um de nós tem o seu tempo, no processo de crescimento, evolução. Recordei-me das conversações que tivemos no início do ano e de como foram conscientes as manifestações de muitos alunos. Resolvi, então, retomar as conversas, para criar momentos sensíveis e fortificar nosso vínculo, fruto do respeito mútuo conquistado ao longo desse período.

Assim fiz e as conversas continuam. O resultado que almejo ainda não foi alcançado, mas sinto que a semente foi plantada, está sendo cuidada e que, como docente, não posso desistir desse trabalho; não posso deixar de contribuir para o processo de formação moral, ética, psicológica e espiritual de meus alunos.

E porque tenho que dar-lhes exemplo, tenho me esforçado muito para ficar atenta às minhas atuações, descobrir a causa de cada uma de minhas atitudes e, assim, viver minha vida de forma mais consciente. Hoje e em razão de tudo isso, sou muito grata à oportunidade de saber que posso conhecer o meu mundo interno e de que posso fazer o bem a mim mesmo e aos que me cercam.

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